Colunas / Rodrigo Coletty/

Como lidamos com nossas vitórias e derrotas

Como lidamos com nossas vitórias e derrotas

1
Rodrigo Coletty
Psicólogo

10 de agosto de 2022

Ao longo de nossas vidas, diversas vez nos deparamos com situações que despertam em nós um senso de competitividade. Seja em um ambiente em que esse tipo de sentimento é inerente, como quando praticamos um esporte ou algum jogo, seja em nosso cotidiano e em nosso trabalho, em que essa questão da competição, embora de forma não tão clara, também costuma aparecer.  

Quando falo desse sentimento, de competição, não me refiro somente a uma comparação e disputa com outras pessoas, mas também e, principalmente, a uma expectativa, busca e cobrança, por vezes excessiva, que fazemos sobre nós mesmos, por resultados e por um alto desempenho nas atividades que realizamos.

Como, por exemplo, quando temos uma constante busca por sucesso no trabalho, tanto em quantidade, nos acumulando de funções, quanto em qualidade, buscando cada vez mais promoções e melhorias. Inclusive, por vezes, nos comparando com outros, como colegas no trabalho ou com nossos adversários em uma competição esportiva, por exemplo.

Ter esses comportamentos e sentimentos citados, de querer o melhor desempenho e o melhor resultado em tudo que fazemos, não é um problema em si. O problema é quando esse sentimento se torna excessivo e desequilibrado. Ou seja, quando buscamos a todo custo o resultado em detrimento de outros fatores, como o prazer e a tranquilidade em realizar determinada atividade.

É claro que querer ir bem e dar o melhor de si em tudo o que fazemos é sempre algo positivo, bem como a comparação e disputa com outros, que existe, sobretudo, no campo das competições esportivas. Contudo, quando nos focamos apenas nesse aspecto competitivo, buscando a vitória e o sucesso a todo custo, nos desconectamos da experiência que determinado esporte, trabalho ou atividade que realizamos pode nos trazer. Nesse sentido, o prazer, a satisfação e o aprendizado ficam em segundo plano.

Outro ponto importante de ser notado é que na medida em que nos colocamos nesse movimento de competitividade e incessante busca por vitórias e sucessos, também evitamos e, em certo sentido, fugimos das derrotas e fracassos, de modo a não lidarmos com os sentimentos que surgem a partir dessas derrotas. Como consequência, atividades antes prazerosas, como um jogo entre amigos, por exemplo, podem se tornar extremamente estressantes e frustrantes. Afinal, nem sempre ganhamos.

E entender esse ponto, de que as derrotas e fracassos fazem parte da vida e são necessárias, para pensarmos sobre nós e fazermos os ajustes que faltam ao que não está funcionando, é importante, não só para podermos lidar melhor com elas, mas também para melhor dimensionarmos a maneira como encaramos nossas vidas.

Ou seja, buscando cada vez mais nos reconhecermos em nossas vitórias e refletirmos com nossas derrotas, nos conectando muito mais ao quanto determinada atividade pode nos agregar, em vez de ficarmos presos somente ao índice de sucesso que podemos ter com essa atividade, o que, no fim, muitas vezes, serve como  uma forma de satisfazermos nosso ego e  por vezes nos utilizarmos da vitória em um jogo de videogame, por exemplo, como uma forma de aliviar incômodos e frustrações pelas quais tenhamos passado em nosso cotidiano, no trabalho ou no ambiente familiar, por exemplo.

Por fim, fica essa reflexão em relação a maneira como lidamos com nossos sucessos e derrotas. De modo a cada vez mais nos percebermos e nos implicarmos com nossas atividades, trabalhos, hobbies e experiências de vida de forma mais leve, plena e, principalmente, prazerosa.

Compartilhe:

Últimas Artigos