Reflexões sobre o mundo virtual

É fato que a pandemia nos modificou de diferentes formas e em aspectos distintos. Nesse sentido, uma das mudanças mais significativas foi a maneira como lidamos com nossas relações, tanto presenciais quanto virtuais. Nesse ponto, interessante notar o quanto vivemos um movimento, em certo sentido, ambivalente para com as nossas relações.

Isso porque, ao mesmo tempo que o contato e as trocas virtuais se tornaram cada vez maiores, mais presentes e frequentes em nossas vidas, também procuramos, a medida que a pandemia vem perdendo sua força, nos conectar muito mais com nossas relações presenciais, retomando, encontros, festas e saídas, afinal a grande maioria das pessoas se encontra fatigada de ficar só em casa.

O legal é justamente buscarmos o equilíbrio entre o real e o virtual, de modo a extrairmos toda a potência que cada uma dessas formas de lidar com o mundo podem trazer. 

Como exemplos disso, temos as entregas de serviços como comida por aplicativos que se tornou algo bem presente, facilitando bastante a vida, na hora de fazer um pedido, as redes socais e seus usos, que só se intensificaram, bem como as psicoterapias online, que hoje se tornaram bem presentes e antes eram quase desconhecidas. 

Tanto é que hoje se tornou comum uma pessoa em Minas fazer terapia com um psicólogo em Brasília, por exemplo, através de aplicativos como Skype ou o próprio WhatsApp, o que tem funcionado muito bem. Ou seja, a pandemia nos abriu para possibilidades, de contato e relacionamento com o mundo, muito potentes que antes eram deixadas de lado, como no exemplo citado, da terapia.

O risco nisso tudo, é claro, é aquele que sempre existiu, de nos deixarmos dominar pelos encantos e facilidades que o mundo virtual pode nos trazer, de modo a ficarmos presos unicamente a essa forma de relação. Que é o que acontece, por exemplo, quando lidamos com o vício em redes sociais ou em jogos virtuais, vícios esses que também podem ser bem prejudiciais, e devem ser olhados com atenção, procurando um auxílio médico e psicológico, quando necessário. Ou seja, quando se começa a sentir uma necessidade constante de estar a todo momento em contato com aquela atividade que gera prazer, como ver redes sociais, e dificuldade em parar com essas atividades quando se sente esse desejo.

Agora, no que tange as relações presenciais, a tendência é realmente que os encontros e trocas que elas produzem se tornem cada vez mais intensos, o que também é positivo, na medida em que nos conectamos de uma forma mais próxima com o outro, rompendo com a distância que a pandemia trouxe, e que em certo sentido as redes sociais e as trocas que elas produzem, as quais muitas vezes são vazias, também trazem.

Por fim, fica essa reflexão a respeito das relações que estabelecemos com o mundo virtual, para que assim possamos, cada vez mais, extrair o melhor desse mundo, sem nos perdermos ou ficarmos reféns dele.